No âmbito das descobertas científicas que prometem causar um grande impacto na área da saúde bucal, a recente pesquisa do Dr. José Marcos dos Santos Oliveira, doutor em Química e Biotecnologia pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), traz uma inovação promissora ao introduzir uma resina dentária enriquecida com própolis vermelha. Este desenvolvimento não apenas visa melhorar a eficácia das restaurações dentárias, mas também garantir uma aplicação menos agressiva em termos de citotoxidade.
Desenvolvido através de experimentos laboratoriais minuciosos, o novo composto de resina traz propriedades que a diferenciam das opções atualmente disponíveis no mercado. De acordo com o pesquisador, a introdução da própolis vermelha, obtida de uma seiva rara encontrada nos manguezais da região de Alagoas, conferiu à resina propriedades anticárie notáveis, ao mesmo tempo em que reduziu significativamente a agressão à mucosa bucal, como a gengiva e a bochecha.
A pesquisa, que resultou em números impressionantes, foi defendida com sucesso em sua tese científica, que demonstrou a capacidade do novo material em eliminar cerca de 90% das unidades formadoras de colônia da Streptococus mutans, a bactéria primária causadora de cáries, em apenas uma hora de contato direto. Comparativamente, as resinas atualmente disponíveis no mercado apresentam uma eficácia bastante inferior, com atividade antibacteriana quase inexistente.
O trabalho contou com a orientação do professor Josealdo Tonholo e a co-orientação de Ticiano Nascimento, exigindo ainda a colaboração de diversos laboratórios de diferentes instituições, tais como o Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde, Farmácia, Química, Física, Ctec e Ifal, além de um laboratório em Piracicaba, São Paulo. Estes esforços colaborativos foram fundamentais para o desenvolvimento do produto, o que demonstra a importância da união entre teoria e prática multidisciplinar na ciência para se alcançar resultados inovadores.
A contribuição de Oliveira não se limita apenas ao desenvolvimento da resina. O pesquisador expressa sua vontade de retribuir o investimento recebido contribuindo para a sociedade alagoana, com a formação de pessoas, além do desejo de continuar seus esforços em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. Ele possui três patentes depositadas, duas publicadas e sete artigos científicos gerados ao longo de seu doutorado, sendo um deles publicado na renomada revista Scientific Reports, do grupo Nature.
Marcos Oliveira, em seu depoimento, enfatiza que essa inovação é apenas o primeiro passo em um caminho ainda cheio de descobertas e aprimoramentos. Com o apoio contínuo de seus mentores e instituições, ele está determinado a continuar explorando as potencialidades da própolis vermelha e suas aplicações na saúde.
O desenvolvimento da resina dentária com própolis vermelha demonstra como a pesquisa acadêmica pode gerar soluções práticas e impactantes para problemas de saúde cotidianos, alavancando recursos naturais locais. Este avanço não só contribui para o campo da odontologia, mas também realça a vitalidade das pesquisas desenvolvidas no Brasil, especificamente em regiões muitas vezes subestimadas, como Alagoas. Oliveira destaca que, com investimento e apoio, é possível transformar a ciência em ferramentas úteis para melhorar a qualidade de vida das pessoas, reafirmando o papel indispensável da inovação científica e tecnológica nos avanços da saúde pública.
Fonte: Projeto Colabora